Pesquisa foi publicada na 'Science' e inclui cientista brasileiro da PUC-RS.
Dados podem ajudar a estudar listras em outros mamíferos, diz cientista.
Um estudo inédito, publicado na revista "Science" desta semana, aponta
que os genes que produzem as listras e pintas no corpo de gatos e
guepardos são os mesmos e sofrem mutações com efeitos bem parecidos.
Segundo o cientista brasileiro Eduardo Eizirik, professor de
biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS), e um dos autores da pesquisa, o achado abre caminho para
estudar o padrão de listras e manchas em outros mamíferos (como zebras) e
pode ajudar, no futuro, até a entender como operam certas doenças de
pele que seguem padrões parecidos com os estudados.
Genes
iguais definem manchas em pelos de gato e de guepardo; mutações podem
atingir as espécies (Foto: Brigitte Merle/Tibor Bognar/Arquivo AFP)
O mapeamento parcial do genoma dos animais apontou que o tipo listrado
de pelo de gato é obtido por um gene chamado "TaqPep", que sintetiza uma
proteína conhecida como tabulina. Quando ocorre uma mutação neste gene,
a proteína é produzida de maneira alterada, o que faz com que o gato
nasça com manchas em vez de listras na pelagem.
saiba mais
A mesma proteína tabulina é responsável pela variação nas manchas na
pelagem dos guepardos. Estes animais normalmente possuem centenas de
pintas redondas no corpo. Caso o gene que sintetiza a proteína sofra uma
mutação, o animal vai nascer com manchas grandes pelo corpo que se
agrupam de forma assimétrica.
A aparência que o animal adquire é a de um guepardo-rei. Por muito
tempo, pensou-se que os guepardos-rei fossem uma espécie em separado dos
guepardos, mas na verdade são geneticamente parecidos - os
guepardos-rei possuem apenas uma variação no gene que determina os
pelos.
"As mutações nesse gene ocorrem de forma diferente para gatos e
guepardos, mas os efeitos são bem parecidos", avalia Eizirik. O estudo
foi feito por uma equipe formada por pesquisadores da universidade de
Stanford, do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, do Instituto para a
Biotecnologia HudsonAlpha e de instituições de quatro países diferentes,
incluindo China, Namíbia, África do Sul e Brasil.
Imagens
mostram variação de pelo sem mutação genética (à esquerda) e com
mutação (à direita) em gatos e guepardos; no canto inferior, à direita, é
possível ver um 'guepardo-rei' (Foto: Reprodução/'Science')
Eizirik ressalta que o gene identificado existe em quase todos os
mamíferos, mas em vários casos, como em humanos e camundongos, ele não
se expressa como pintas ou manchas. "O padrão é diferente entre as
espécies", diz ele. "Em mamíferos, não se tinha um gene conhecido
envolvido na formação do padrão da pele."
Nenhum comentário:
Postar um comentário