O artigo, abaixo, de autoria de Mário Paulino (diretor geral do
Datafolha) e Alessandro Janoni (diretor de pesquisas do Datafolha),
analisa o resultado da última pesquisa realizada pelo Instituto em que Dilma Rousseff, no cenário mais provável, aparece com 42% de intenções de voto, Aécio Neves com 21% e Eduardo Campos com 15%.
Ei-lo: A união de Marina Silva e Eduardo Campos na oposição eleva
as chances de segundo turno na disputa pela Presidência da República
nas eleições do ano que vem, como mostrou o Datafolha na pesquisa
divulgada ontem.
Mas a escolha do candidato que encabeçará a chave não será tão óbvia quanto as atuais intenções de voto podem sugerir.
Apesar de neste primeiro momento Marina figurar como a aposta
mais segura, a análise de algumas variáveis que compõem o levantamento
indica potencial de crescimento do atual governador de Pernambuco.
E o principal catalisador para a candidatura de Eduardo Campos não deve ser, necessariamente, o apoio de sua correligionária.
Até porque Marina apresenta, segundo os resultados, poder de
influência limitado como cabo eleitoral, especialmente se comparada à
força do ex-presidente Lula enquanto “dublê” de Dilma.
A estratégia de comunicação pode ser o diferencial de Campos.
Poucos são os brasileiros que afirmam conhecer bem o pernambucano (8%),
taxa que mesmo na região Nordeste alcança apenas 12%.
Um exercício interessante para se tentar projetar seu potencial
de crescimento é verificar o desenho do cenário eleitoral no segmento
que se demonstra mais informado.
Filtrando-se apenas os entrevistados que afirmam conhecer, mesmo
que só de ouvir falar, todos os possíveis candidatos a presidente,
Eduardo Campos é o nome que mais supera a média em intenções de voto.
Na situação contra Aécio Neves, o pessebista vai a 22%, Dilma cai
para 37% e o tucano mantém índice idêntico ao verificado no total -21%.
Contra Serra, a mesma tendência se verifica -Campos sobe para 24%,
Dilma cai para 36% e Serra para 21%. Marina também cresce nesse estrato e
encosta em Dilma, mas não tanto quanto seu companheiro de partido.
O pernambucano é o único candidato que vê sua taxa de rejeição
cair de maneira expressiva nesse subconjunto do eleitorado -de 25% no
total da amostra para 18%.
A Aécio Neves interessa torcer para que Eduardo Campos falhe em
sua empreitada, especialmente na retomada de uma parcela do eleitorado
que ainda não assimilou bem a desistência de Marina -as mulheres.
As eleitoras da ambientalista, quando não a enxergam na disputa,
migram muito menos para Campos do que os homens (28% contra 38%).
Quando Aécio é o candidato, cerca de 35% delas ficam sem
candidato. O desafio do pernambucano é despertar a confiança dessas
eleitoras, anulando possíveis ruídos, já que na candidatura do governo a
ordem dos gêneros se inverte.
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