Materiais que demoram séculos para se decompor se agarram ao animal, que não consegue se desenvolver por falta de nutrientes na água; pescadores e donos de restaurantes sofrem com a escassez
O rio Capibaribe é um cartão postal do Recife e fonte de sustento de centenas de famílias da capital pernambucana. Mas a falta de educação da população tem deixado as suas águas sujas, prejudicando a beleza e a biodiversidade que há no lugar. Um animal, em especial, tem sofrido com essa poluição: o sururu.
E não é só ele que sofre. Grande parte da população é afetada. A morte desse molusco significa redes vazias e, consequentemente, menos sururu nos pratos. "A gente tira 8 ou 9 kg, no máximo. E do jeito que eles já estão ficando mortos, perdendo peso, só sai 7 ou 7,5 kg”, conta o pescador José Marcos de Carvalho. "O quilo custa R$ 4, é muito pouco."
Laércio Lourenço de Santana tem 56 anos e 48 dedicados à pescaria. Ele conta que costumava pescar de 25 a 30 kg de sururu, há 10 anos. Hoje, pescar está dando prejuízo. “Pegamos de 13 a 14 kg agora. Porque não rende”, diz.
Quanto mais as cidades cortadas pelo Capibaribe crescem, menor a produção dos pescadores. Um reflexo da falta de estrutura desses locais e da má educação dos moradores que transformaram o rio num caminho de lixo e esgoto.
Quando a maré baixa uma das causas do problema fica evidente. Por onde só deveria escorrer água da chuva, mesmo em dia de sol a tubulação não fica vazia. A água suja e contaminada é jogada sem disfarce. O lixo forma uma camada na areia. Materiais que demoram séculos para se decompor se agarram ao sururu.
Aqueles que sobrevivem à poluição, mal conseguem alimento para crescer e se reproduzir. O resultado é que a pesca está ameaçada. “Como ele filtra os nutrientes da água, tudo que está ali vai passar pelo organismo dele. Então vem bactérias e outros poluentes do esgoto doméstico”, afirma o engenheiro de pesca do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Iru Guimarães (foto 5).
Com a queda na renda, muitos pescadores tiveram que se adaptar à crise. Alguns aproveitam o lixo para ganhar dinheiro. A exemplo do pescador Valter da Silva que encontrou uma cadeira dentro do rio e resolveu levar para a reciclagem. Outros objetos, como sofá e fogão, também são encontrados na água.
O vice-presidente da Associação dos Pescadores, Edvaldo Martins, conta o alerta já foi feito há três anos, para a Secretaria da pesca, que hoje é ministério. “Tentamos solicitar um período de defeso para essas pessoas, para que elas possam complementar a renda, seja com cesta básica ou salário mínimo. E, de repente, um incentivo do Governo do Estado na questão”, diz.
O defeso visa aumentar a reprodução de peixes, no caso do molusco. Para isso, há a proibição da pesca por um tempo e, nesse período em que o pescador ficar parado, ele recebe uma ajuda de custo do Governo Federal. Mas, de acordo com o Ministério da Pesca e Agricultura, o defeso só é adotado como última alternativa, depois de estudo sobre o esforço dessa pescaria. No caso do sururu, ainda não há um estudo concluído.
Os donos e clientes de restaurantes que vendem o molusco sentem o peso no bolso. Com a escassez, o preço do sururu aumentou em 50%, de acordo com o gerente Emerson Sena. “A gente tem que passar isso para o cliente. De dois anos para cá é que teve a falta de sururu. Antigamente, todo dia tinha sururu na porta para gente comprar. Hoje em dia, a gente tem que fazer encomenda”, conta.
De acordo com o diretor-presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Hélio Gurgel (foto 6), dez pontos do rio são monitorados e os responsáveis pela infração são multados. A CPRH é o órgão responsável pela fiscalização, monitoramento e punição.
“O resultado dos últimos monitoramentos mostrou que o rio está entre poluído e muito poluído. A CPRH age na fiscalização, no monitoramento e na punição do infrator. Mas quando chegamos, aquilo já foi feito. Isso é uma questão de educação ambiental, que nós já estamos trabalhando, tentando mudar essa realidade, ao lado de ações efetivas do Governo”, diz.
Segundo o secretário de Meio Ambiente do Recife, Roberto Arrais (foto 7), cerca de duas toneladas de lixo são retiradas do rio diariamente. “Infelizmente, a população utiliza o rio como depósito de lixo, mas o rio é vida e garante a sobrevivência de muita gente. Então é importante que a gente faça um projeto, não só para limpar, mas para requalificar toda a bacia”, diz.
O projeto Capibaribe Melhor surge exatamente com esse objetivo: limpar e restaurar o rio mais importante do Recife. “Todos os canais que despejam suas águas no Capibaribe serão requalificados, serão construídos parques lineares e as moradias que se encontram nas áreas ribeirinhas serão regularizadas”, diz o secretário.
Além disso, o projeto pretende realizar campanhas de educação ambiental, para conscientizar a população pernambucana que não se deve jogar lixo em rios, canais e no mar. “Essas águas são importantes. É vida, saúde e, inclusive, gera trabalho e renda para muita gente”, ressalta.
E não é só ele que sofre. Grande parte da população é afetada. A morte desse molusco significa redes vazias e, consequentemente, menos sururu nos pratos. "A gente tira 8 ou 9 kg, no máximo. E do jeito que eles já estão ficando mortos, perdendo peso, só sai 7 ou 7,5 kg”, conta o pescador José Marcos de Carvalho. "O quilo custa R$ 4, é muito pouco."
Laércio Lourenço de Santana tem 56 anos e 48 dedicados à pescaria. Ele conta que costumava pescar de 25 a 30 kg de sururu, há 10 anos. Hoje, pescar está dando prejuízo. “Pegamos de 13 a 14 kg agora. Porque não rende”, diz.
Quanto mais as cidades cortadas pelo Capibaribe crescem, menor a produção dos pescadores. Um reflexo da falta de estrutura desses locais e da má educação dos moradores que transformaram o rio num caminho de lixo e esgoto.
Quando a maré baixa uma das causas do problema fica evidente. Por onde só deveria escorrer água da chuva, mesmo em dia de sol a tubulação não fica vazia. A água suja e contaminada é jogada sem disfarce. O lixo forma uma camada na areia. Materiais que demoram séculos para se decompor se agarram ao sururu.
Aqueles que sobrevivem à poluição, mal conseguem alimento para crescer e se reproduzir. O resultado é que a pesca está ameaçada. “Como ele filtra os nutrientes da água, tudo que está ali vai passar pelo organismo dele. Então vem bactérias e outros poluentes do esgoto doméstico”, afirma o engenheiro de pesca do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Iru Guimarães (foto 5).
Com a queda na renda, muitos pescadores tiveram que se adaptar à crise. Alguns aproveitam o lixo para ganhar dinheiro. A exemplo do pescador Valter da Silva que encontrou uma cadeira dentro do rio e resolveu levar para a reciclagem. Outros objetos, como sofá e fogão, também são encontrados na água.
O vice-presidente da Associação dos Pescadores, Edvaldo Martins, conta o alerta já foi feito há três anos, para a Secretaria da pesca, que hoje é ministério. “Tentamos solicitar um período de defeso para essas pessoas, para que elas possam complementar a renda, seja com cesta básica ou salário mínimo. E, de repente, um incentivo do Governo do Estado na questão”, diz.
O defeso visa aumentar a reprodução de peixes, no caso do molusco. Para isso, há a proibição da pesca por um tempo e, nesse período em que o pescador ficar parado, ele recebe uma ajuda de custo do Governo Federal. Mas, de acordo com o Ministério da Pesca e Agricultura, o defeso só é adotado como última alternativa, depois de estudo sobre o esforço dessa pescaria. No caso do sururu, ainda não há um estudo concluído.
Os donos e clientes de restaurantes que vendem o molusco sentem o peso no bolso. Com a escassez, o preço do sururu aumentou em 50%, de acordo com o gerente Emerson Sena. “A gente tem que passar isso para o cliente. De dois anos para cá é que teve a falta de sururu. Antigamente, todo dia tinha sururu na porta para gente comprar. Hoje em dia, a gente tem que fazer encomenda”, conta.
De acordo com o diretor-presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Hélio Gurgel (foto 6), dez pontos do rio são monitorados e os responsáveis pela infração são multados. A CPRH é o órgão responsável pela fiscalização, monitoramento e punição.
“O resultado dos últimos monitoramentos mostrou que o rio está entre poluído e muito poluído. A CPRH age na fiscalização, no monitoramento e na punição do infrator. Mas quando chegamos, aquilo já foi feito. Isso é uma questão de educação ambiental, que nós já estamos trabalhando, tentando mudar essa realidade, ao lado de ações efetivas do Governo”, diz.
Segundo o secretário de Meio Ambiente do Recife, Roberto Arrais (foto 7), cerca de duas toneladas de lixo são retiradas do rio diariamente. “Infelizmente, a população utiliza o rio como depósito de lixo, mas o rio é vida e garante a sobrevivência de muita gente. Então é importante que a gente faça um projeto, não só para limpar, mas para requalificar toda a bacia”, diz.
O projeto Capibaribe Melhor surge exatamente com esse objetivo: limpar e restaurar o rio mais importante do Recife. “Todos os canais que despejam suas águas no Capibaribe serão requalificados, serão construídos parques lineares e as moradias que se encontram nas áreas ribeirinhas serão regularizadas”, diz o secretário.
Além disso, o projeto pretende realizar campanhas de educação ambiental, para conscientizar a população pernambucana que não se deve jogar lixo em rios, canais e no mar. “Essas águas são importantes. É vida, saúde e, inclusive, gera trabalho e renda para muita gente”, ressalta.
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