Parentes,
amigos e sobreviventes fizeram vigília silenciosa em homenagem aos
mortos
O administrador de
empresas Bruno Portella Fricks, de 22 anos, e a namorada, Jéssica
Duarte, de 20, estavam na Boate Kiss no dia do incêndio comemorando em
dobro. O casal festejava cinco anos de namoro e ainda o aniversário de
Bruno. Na noite de sábado, por volta das 22h, ele não resistiu e morreu
no Hospital das Clínicas, em Porto Alegre.
O jovem é a 237ª vítima da
tragédia. Durante toda a tarde de ontem, o corpo do administrador foi
velado no Cemitério de Santa Rita. A estudante universitária Jéssica
está internada em estado grave. Assim como outros 58 sobreviventes que
estão sendo tratados em unidades de saúde do Rio Grande do Sul, ela
respira com ajuda de aparelhos.
O corpo de Bruno será sepultado às
10h de hoje. Ontem, durante o velório, os pais preferiram não falar com
a imprensa. O pai de Jéssica, Cláudio Forgiarini, disse que perdeu um
filho. "Era o genro que todo pai queria para sua filha. Um menino
jovem. Ele já estava formado e só pensava em crescer na empresa em que
trabalhava. Era um garoto feliz. Passamos o ano-novo juntos numa praia.
Eles tinham planos para se casar", comentou Cláudio.
Gremista
fanático, Bruno sorriu na quarta-feira quando uma tia lhe comunicou que
o time do coração tinha se classificado para a fase de grupos da
Libertadores. O caixão foi coberto pela bandeira tricolor. "Ele não
perdia quase nenhum jogo. Era frequentador do Olímpico há muito anos",
afirmou Cláudio. Bruno nasceu na cidade de Júlio de Castilhos, mas
morava em Santa Maria desde os 2 anos. O administrador de empresas teve
queimaduras no corpo e, por isso, precisou ser transferido para Porto
Alegre. Chegou consciente ao hospital e só queria saber notícias da
namorada. "Minha filha ligou para mim às 4h30. Ela já estava no
hospital. Disse que estava cheia de queimaduras", informou Cláudio.
Jéssica,
de acordo com o pai, teve cerca de 25% a 30% do corpo queimado durante
o incêndio da Boate Kiss. "A situação dela é bastante delicada, mas
ela vai escapar. Ela está em estado grave, mas apresenta um quadro
estável", disse o pai. Os queimados mais graves, a exemplo de Jéssica,
estão sendo tratados a partir de doações de bancos de pele de vários
estado do Brasil. O Ministério da Saúde comunicou que não há mais
necessidade de doações. Na manhã de ontem, médicos canadenses
começaram a auxiliar os profissionais brasileiros que estão monitorando
os feridos em estado mais delicado. Os profissionais aplicam uma
técnica que utiliza ventilação mecânica extracorpórea para que a
recuperação pulmonar aconteça de maneira mais rápida.
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