Artigo do deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), publicado no jornal O Globo desta quinta-feira (21)
Na
tentativa de garantir mais comida na mesa dos brasileiros, por um custo
menor, o PSDB apresentou, no ano passado, uma emenda que isentava os
produtos da cesta básica de todos os impostos federais. A medida ganhou
rapidamente o apoio da maioria dos parlamentares na Câmara e no Senado,
tendo em vista o impacto que a medida teria no bolso dos brasileiros,
reduzindo em até 20% os gastos com a alimentação básica, de acordo com
estudo produzido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
Mesmo não estando mais no comando do país, o PSDB, por meio de uma
iniciativa parlamentar, colocou nas mãos da presidente DILMA Rousseff um
importante instrumento para melhorar a qualidade de vida dos
brasileiros, especialmente os mais pobres. Não se tratou de uma ideia
vaga, de uma boa intenção jogada aos ventos.
Mas, em setembro de 2012, a presidente DILMA vetou nossa proposta.
Alegou que o assunto precisaria ser “mais estudado”. Ignorou as
pesquisas e experiências práticas que reiteravam o sucesso da
empreitada, nem levou em conta o impacto que a medida teria sobre o
combate à inflação, tema negligenciado pelo PT nos últimos meses e que
volta a assustar os brasileiros.
Para nossa surpresa, neste início de 2013, a mesma presidente que
vetou a ideia apresentada pelo PSDB agora fala em desonerar a cesta
básica. Isso nos faz pensar se o o veto presidencial teve alguma
motivação política, ainda mais diante da possibilidade de o governo do
PT encampar a ideia, exatamente da mesma maneira que nós havíamos
proposto. Será que DILMA vetou a ideia apenas por ser de autoria do PSDB
e agora quer retomá-la de forma a parecer que se trata de uma
iniciativa petista?
O veto presidencial é um instrumento republicano importante, mas não
pode se transformar em um ato a serviço de um partido, como fez a
presidente DILMA.
Ao agir assim, a presidente reforça a velha maneira petista de se
fazer política. Afinal, o partido de DILMA e de seu antecessor Luiz
Inácio Lula da Silva é o mesmo que se posicionou contrário à
Constituição de 1988 e depois, sob as regras desta, chegou ao poder; que
votou contra o Plano Real e, até hoje, colhe os benefícios da
estabilidade da economia; que criticou o Proer e, posteriormente, o
citou como remédio para a crise nos EUA; que tratou as privatizações
como “entrega do Brasil” e atualmente as pratica.
Antecipamos nosso apoio qualquer a tentativa de DILMA Rousseff de
fazer com que a comida dos brasileiros seja mais barata. Mas não podemos
deixar de lamentar a demora. Perdemos pelo menos seis meses, desde que a
medida foi proposta pelo PSDB.
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