É um personagem fantástico. Tão cheio de contradições, de entusiasmo e de debilidade. Tão apaixonado pelo Senhor. Tão capaz de O trair. Tão... como nós!
Mas na hora da verdade, na hora do amor, Pedro correspondeu à sua vocação: ser firme. Ser Pedro-Pedra. Firme como uma rocha.
Mas Pedro era também um pescador, um homem que sabia apanhar o melhor dos ventos e das correntes para ir ao encontro do seu Senhor.
Precisamos deste exemplo na nossa vida de fé e neste serviço de iniciarmos outros na fé. Precisamos de aprender com ele a ser flexíveis no acessório mas firmes no essencial. Capazes de dar o primeiro passo. Capazes de chorar, quando descobrimos que nos enganámos.
Esta "nova era" o tempo das identidades débeis, onde nada é seguro nem definitivo. Onde não há bem nem mal, nem vontade nem amor. Apenas instante efémero e "apetece-me".
Ao lado de Pedro, assumindo todas as nossa traições, dizemos
"Tu sabes, Senhor, que te amo". E na certeza de sermos amados por Ele, sentimo-nos firmes. E, por isso, capazes de dar solidez e firmeza a outras vidas.
Pedro: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja"
Um pescador que encontou novos mares
É neste cenário que surge Jesus. Segundo o relato de Lucas (Lc 5, 1-11). Pedro conheceu Jesus quando este lhe pediu para usar o seu barco, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que O queria ouvir.Pedro, que estava a lavar redes, emprestou-lhe o barco. No final da pregação, Jesus disse a Simão Pedro que fosse pescar de novo em águas mais profundas. Pedro responde que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. Eis o resultado: "Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de peixe. As redes estavam a romper-se, e eles fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram os dois barcos, a Ponto de se irem afundando" (Lc 5, 6-7).
Numa atitude de humildade, verdade e espanto, Pedro prostra-se aos pés de Jesus e diz: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador" (Lc 5, 5-8). Jesus encorajou-o: "Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens" (Lc 5, 10).
A fé de Pedro em Cristo
"E, depois de terem reconduzido os barcos para terra, deixaram tudo e seguiram Jesus" (Lc 5, 11).No grupo dos discípulos, Pedro torna-se o porta-voz, como no episódio da transfiguração. Assim que Jesus coloca uma pergunta, Pedro é o primeiro a responder.
O momento mais conhecido é quando Jesus pergunta aos seus discípulos quem é que as pessoas dizem que seja o filho do homem. Pedro apresenta a conclusão: "Tu és o Messias, o filho de Deus vivo" (Mt 16,16). Jesus louva-o pela resposta: És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sanhue que to revelou, mas o meu pai que está no céu. Também eu te digo:
Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16, 17-18).
Pedro reconhece o mistério de jesus e acredita nele como o Mesias e filho do Deus vovo, e vai tornar-se rocha-pedra para a igreja inteira.
Ser "rocha" para os outros
Na Bíblia, "rocha" signufica solidez. Deus é descrito como a "rocha que nos sustém". Mas Pedro, a "rocha" da igreja, terá que fazer um longo caminho de amadurecimento, até se tornar rocha para os outros.
Quando Jesus fala da sua morte vilolenta, eis que Pedro, impulsivamente, O chama à parte e O repreende: "Deus te livre, Senhor! isso nunda há-de de acontecer! (Mt 16, 23). Pedro recebe de Jesus uma amarga resposta: "Afasta-te, Satanás! tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!" (Mt 16, 23)
Pedro terá que viver a experiência da Morte e da Ressureição de Jesus para compreender todo o alcance da vida e das palavras de Jesus e reconhecer o alcance da missão que Jesus lhe confiou. E nesses momentos decisivos da vida de Jesus, Pedro fica muito aquém das expectativas, chegando mesmo a afirmar: "Não conheço esse homem!" (Mt 26, 72)
A força do amor
No entanto Pedro, mesmo no meio da dor causada pala ausência de Jesus e pela sua falta de lealdade, não desespera. E eis que Jesus, lhes vem ao encontro, no mesmo mar que tinham antes abandonado para O seguir.
Depois da refeição Jesus pergunta três vezes a Pedro: "Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?". Pedro responde, afirmando solenemente o seu amor: "Sim, Senhor, Tu sabes que eu te amo". Mas quando Jesus lhe perguntou pela terceira vez Pedro ficou triste e respondeu~lhe: "Senhor, tu sabes tudo; tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!"
Claramente, a tripla pergunta de Jesus recorda a Pedro a sua tripla traição.
Nesse momento, Pedro não se desculpa: deixa que Jesus olhe para os desejos mais profundos do seu coração... ele acredita no facto que Jesus reconhecerá o verdadeiro amor que nutre por ele.
É a este "novo" Pedro, reconciliado e curado das suas feridas, que Jesus confia a sua comunidade: "Apascenta as minha ovelhas!" (Jo 21, 17)
Na escola do Evangelho
A história de Simão Pedro mostra que também nós, podemos tornar-nos rocha para os outros, apesar das nossas cobardias e fraquezas. Como será isto possivel?
Se nos entregamos ao caminho de transformação que os Evangelhos nos mostram em Simão.
Fica então um convite a meditar os diferentes textos citados.
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