Em pouco mais de um mês, onda de violência deixou cerca de 250 mortos
SÃO PAULO - O Ministério da Justiça anunciou nesta
segunda-feira (12) que investirá R$ 60 milhões na criação de um comando
policial unificado em São Paulo para fazer frente à onda de violência
que em pouco mais de um mês deixou cerca de 250 mortos.
"Nesta segunda-feira começamos a ter as primeiras ações, que terão um
ritmo acelerado e serão permanentes", declarou o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, após reunir-se hoje com o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin.
Cardozo indicou que o novo comando policial unificado integrará as
polícias Civil e Militar de São Paulo, os órgãos de inteligência do
Governo Federal e regional e o sistema de Justiça para o desenvolvimento
de ações conjuntas e controle da segurança pública.
"É uma luta permanente e é necessário atuar o mais rápido possível
para tentar atacar as organizações criminosas", disse o ministro.
Para Cardozo, "os resultados já são positivos" e espera-se que na
próxima segunda-feira possam começar as primeiras "ações integradas",
como a "contenção nos pontos de entrada de drogas, armas e contrabando".
O acordo de cooperação, proposto na semana passada na primeira
reunião entre Alckmin e Cardozo, foi assinado hoje e estará vigente até o
dia 31 de dezembro de 2014. Segundo o governador, "estará em pleno
funcionamento antes da Copa do Mundo de 2014".
A onda de violência que atinge São Paulo começou no último dia 8 de
outubro com assassinatos seletivos de policiais supostamente a mando da
principal organização criminosa da cidade.
Segundo as autoridades, durante o último final de semana foram
registrados pelo menos 61 ataques com armas de fogo em diferentes pontos
da área metropolitana da cidade.
Nos atentados perpetrados entre a noite de sexta-feira e a madrugada
de hoje pelo menos 31 pessoas morreram e três ônibus foram incendiados.
Para as autoridades, na explosão de violência também estão envolvidas
milícias formadas por policiais que travam uma guerra paralela contra o
crime organizado.
Muitas das vítimas são cidadãos alheios ao enfrentamento entre a polícia e os criminosos que foram baleados por desconhecidos em bairros da periferia.
Muitas das vítimas são cidadãos alheios ao enfrentamento entre a polícia e os criminosos que foram baleados por desconhecidos em bairros da periferia.
A situação suscitou um clima de tensão que levou milhares de pessoas a
deixar de frequentar bares e restaurantes durante as noites enquanto
outras evitam usar o transporte público por medo de serem vítimas de um
atentado.
"Temos medo de tudo, de pegar o ônibus porque não sabemos se vão
atacar o transporte público ou se vão atirar em você chegando em casa",
afirmou à Agência Efe a auxiliar contábil Solange Rocha, que diariamente
demora duas horas para chegar de sua casa ao trabalho.
Para enfrentar a onda de violência, a polícia iniciou há 15 dias a
chamada "Operação Saturação" na comunidade de Paraisópolis e em outros
bairros menores nos quais foram detidos no fim de semana passado 76
suspeitos de participar das ações criminosas dos últimos dias.
De janeiro a setembro, segundo dados oficiais, foram registrados na
região metropolitana de São Paulo 982 homicídios, número que representa
um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano passado.
Somente neste ano foram assassinados 91 policiais militares, dois
agentes civis e três guardas penitenciários, a maioria quando estava
fora de serviço.
O mais recente ataque contra membros dos organismos de segurança
ocorreu hoje quando dois policiais, fora de seu horário de trabalho,
saíam de um banco e foram baleados por desconhecidos que assassinaram um
dos agentes.
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